EU QUERIA

O que eu mais queria nesse momento era morrer! Mas morrer de uma maneira que eu pudesse ver a que ponto eu cheguei, em que eu me transformei. Morrer de uma maneira que eu fique vivo para poder avaliar tudo que eu fiz. Avaliar de uma maneira que eu possa corrigir. Corrigir e poder voltar a vida. Voltar a vida e ser uma nova pessoa. Uma pessoa diferente do que eu sou. Uma pessoa que não ama a si e, muito menos, aos outros. Eu queria ser essa pessoa seca, árida. Uma pessoa que sufocante como a poeira sufoca e sai deixando só seu rastro que asfixia. Na verdade eu queria perder o meu ar. Perder o meu ar e deixar de existir, deixar de existir de uma maneira que as pessoas nem lembrem de mim, não saibam que eu existi jamais. Sumir e não ser mais ninguém. Não ser mais ninguém para depois ressurgir como a fênix ressurge das cinzas do que um dia foi um ser fracassado. Ressurgir brilhante e revigorado, como a fênix. A beleza de quem todos se curvam em admiração e adoração. Sim, adoração mesmo, pois quando eu ressurgir serei como um deus a quem todos respeitam e obedecem. Mas pra que ser obedecido sempre? Deve ser muito triste ter várias pessoas ao se lado que fazem tudo que você deseja, que não deixam você respirar direito, como a poeira que sufoca e deixa seu rastro asfixiante. Como a morte que faz com que você deixe de existir, mas que deixa a dúvida de você ainda vai renascer. Eu queria ser como a água, que a todos banha, mas passa sem compromisso, vai embora e nunca mais volta. Como o ar, que dá a vida, resseca a pele às vezes, deixa suas marcas, mas passa e some. A gente nunca respira o mesmo ar mais de uma vez, é sempre um novo. Eu queria ser eu mesmo. Que ama, sofre, chora, passa por decepções, mas sempre busca recomeçar. Às vezes não consegue, mas também não desiste, pode até não conseguir o que deseja, mas nunca desiste.

Nenhum comentário: