De quem é a culpa?


Sou instrutor de informática e atualmente coordeno e dou aulas para crianças, jovens e adultos carentes em um projeto da Câmara de Vereadores, o qual trabalha a inclusão digital em minha cidade há 3 anos. Esse ano, estamos trabalhando a fundo o verdadeiro sentido do projeto que tem por objetivo discutir e formular idéias novas para o desenvolvimento do trabalho, e ninguém melhor para discutir isso que os próprios beneficiados pelo projeto.
Pedi que eles fizessem uma redação onde iriam relatar que profissão seguiriam futuramente enfatizando os possíveis obstáculos que, segundo eles, iriam enfrentar e onde, de informática, o curso que eles freqüentam ajudá-los-á futuramente. As expectativas eram as melhores possíveis já que em minha turma todos cursam a cima da 5ª serie. Quando me entregaram a redação para que eu corrigisse fiquei em extasi. As redações não diziam coisa com coisa e fugiram totalmente do assunto que era a escolha de profissão.
Em outra aula, Levei um texto que explicava exatamente o que era e como trabalha-se a Inclusão Digital no Brasil pra que juntos lêssemos, debatêssemos e em seguida eles deveria fazer uma síntese do que entendessem, a qual anexaríamos ao projeto final. Com isso pude detectar a razão pela qual as redações saíram daquela forma: Falta de leitura. Não se pode ter uma opinião formada de uma coisa quando não se estuda sobre tal. Fiquei perdido diante de tal situação já que o meu trabalho não é ensinar a ninguém o habito de leitura e sim fazer com que eles, com a ajuda de seus conhecimentos adquiridos, desenvolvam uma tese que servirá de suporte no futuro.
Mas de quem é a culpa disso? Do aluno que não se esforça para ler, ou da escola que não se esforça pra ensinar esse habito?
Preocupo-me bastante com esse tipo de problema, pois sei o quanto é difícil lidar com a falta de leitura, já que a leitura implica bastante em todas as matérias em um vestibular, por exemplo. Percebi também que além de não ter o hábito de ler, os mesmos não sabem o motivo de querer seguir determinada profissão.
O que mais me chama atenção diante de toda essa situação, é que mesmo com todos os meios de comunicação disponíveis e com informação de graça dentro de casa, os alunos, que ainda são jovens, não têm uma perspectiva de vida. Afinal, o que se ensina na escola hoje em dia? Como me disse um deles “o fato de os pais terem um bom emprego já é o suficiente, pois assim pode-se estudar em uma boa escola e futuramente, quem sabe, ter um bom emprego como ou com eles”.
Já que a escola tem como função formar cidadãos dignos, e a família é a base de tudo, deveriam se juntar mais para que os futuros cidadãos não sejam uma legião de alienados, isso é se houver uma geração futura.


Luiz Severo.

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