FAYGA OSTROWER


Fayga Ostrower

A intuição e a criação
Toda criação é intuitiva. Mesmo a mais racional, ela é intuitiva. São possibilidades, hipóteses que o ser humano levanta instantaneamente, quer dizer, espontaneamente. E depois... na Artes, evidentemente, a verificação se dá através da própria obra. Na ciência se dá através de hipóteses que poderão ser refeitas ou reanalizadas por outros cientistas par confirmar sua... se são válidas ou não. [quando você está trabalhando, você usa muito da sua...] da intuição. Sim! Porque, é claro que, quanto mais você estuda, quanto mais você sabe artesanalmente  por exeperiencia, digamos que você tenha a experiência do fazer tanto melhor você pode intuir, mas intuir você está intuindo o tempo todo. Porque, na verdade você está imaginando certas coisas. E tem que poder imaginar para depois saber intuir se aquilo que você imaginou está certo ou está errado. Porque há uma distancia muito grande entre a imaginação e o próprio fazer.  E a gente avalia o fazer depois de ter realizado um fato físico. Veja só... o momento mais importante, mais difícil na criação artística é o momento de saber terminar uma obra. Quando é que uma obra está terminada? Quando todos os componentes, estes detalhes que eu estava explicando na própria percepção, tudo isso se encaixa numa ordem que é justa onde tudo se justifica. Os detalhes de cima - as formas, as cores, com as de baixo, tudo se relaciona para um conjunto não só harmonioso, mas expressivo, que tudo tem realmente valor, nada é supérfluo, mas também nada falta. Esse momento você não pode programar, você não pode nem prever. Voce pode perguntar a um artista: quando é que você vai terminar? E ele vai dizer “não sei!” e no momento seguinte ele pode já terminar. Quer dizer, são realmente avaliações que a gente faz o tempo todo que na Arte, evidentemente, se dão num nível da própria linguagem e do próprio conteúdo expressivo e daquilo que a gente quer expressar, mas que na verdade já existem como uma extensão da vida cotidiana. No cotidiano você também está avaliando o tempo todo: se eu estou conversando com você, eu estou vendo não só o seu olhar, eu estou vendo a sua postura, eu estou vendo a de outras pesssoas, eu estou vendo a hora da tarde, a luz da trade, tudo isso faz um conjunto que vai se tornar expressivo prá mim que vai me dizer alguma coisa sobre aquilo que a gente está fazendo nesse momento – se está bom, se está certo, se não está certo, tudo  isto intuitivamente eu estou avaliando e estou sentindo também.

O que é a beleza?
Desde o início você ver uma busca de significados em termos de ordenações, o homem procura ordenar, relacionar de alguma forma, de algum modo pra saber qual é o significado: o que significa isso? E quando essas relações, elas tem um sentido aí é que elas tem a beleza – é a sua própria beleza. A beleza não é o bonitinho, a beleza é essa verdade mais profunda, essa harmonia interior, essa justeza interior, que a gente pode, que a gente descobre, por exemplo nas ordenações da natureza. Essa é uma beleza tão grande! E o fato de o ser humano poder criar beleza ele cria uma dimensão que existe a partir dele, a partir do ser humano.   

A sensualidade da linguagem artística no Brasil
 Eu acho que a gente não olha só com os olhos, eu acho que a gente olha com o corpo todo... e o que eu diria sobre o Brasil, por exemplo, que eu acho um país extraordinário em muitos sentidos e, sobretudo no sentido artístico. Porque o que distingue as linguagens artísticas, digamos, da filosofia ou da matemática, é a sensualidade dessas linguagens você não ouve frequências, você ouve sons... você não vê conceito de ondas longas, de ondas curtas, você vê cores. Essa sensualidade da linguagem, existe, no Brasil... nas pessoas, não só na exuberância da natureza, nas pessoas, à flor da pele, no convívio na maneira de se tratar. Isso é uma coisa muito importante pra visão, também, sentir essa sensualidade é uma parte fundamental das linguagens artísticas. Porque que alguém se apaixona, pela gravura? Ou pela escultura? Ou pela poesia? Ou pela música? Qual é essa paixão? É pela própria sensualidade da matéria. Você quer se aprofundar nas possibilidades dessa matéria, nessa empatia com a matéria. Então, a beleza prá mim, e a visão onde o ser responde com todo o seu ser intelectual, mas também sensível e sensual.     

Texto extraído da entrevista abaixo.



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