“Histórico Das Tendências Pedagógicas no ensino da Arte"



As tendências pedagógicas estão presentes na nossa realidade educacional, portanto faz-se necessário o seu estudo no campo das artes para que haja uma melhor compreensão dos educadores para com elas em suas práticas na sala de aula. Temos em Fusari e Ferraz duas tendências: a idealista liberal, na qual a educação somente garante uma sociedade igual e democrática; e a realista progressista, surgida nos anos 60 no Brasil, acredita nas contribuições da escola pública para a conscientização do povo.

Antecedentes da educação tradicional em arte
Os jesuítas no período colonial enfatizavam mais a literatura do que as artes, com uma educação de disciplina rígida, sendo o método e o educador únicos na vida escolar. No século XIX chega a Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, tendo esta uma proposta neoclássica, das escolas europeias. Se aprendia por “mimese”, cópia do modelo do natural, tendo em vista a contenção dos sentidos. Sendo o oposto do barroco, este expressava sensualidade, expressividade e marca artesanal, mais popular no Brasil, enquanto o neoclássico era visto como uma concepção burguesa.

Arte na escola tradicional
Seguindo os modelos educativos americanos, belgas e ingleses, se copiava e transcrevia literal mente as propostas de desenho (de Walter Smith), sem qualquer relação com o contexto. Relacionando o trabalho para preparação dos alunos para o trabalho fabril, na concepção neoclássica: ênfase na linha, no contorno, no traçado e na configuração. Continuando esta concepção até o século XX. Entre 1930 e 1970, o currículo de artes era assim: desenho natural, desenho decorativo, desenho geométrico, desenho pedagógico nas escolas normais. Reproduzam-se modelos, buscando o aperfeiçoamento. Nos anos 50 foram incorporados o canto orfeônico (nos anos 30), trabalhos manuais (diferenciando gêneros), e o teatro para via de apresentações comemorativas.

Aspectos metodológicos da escola tradicional
Enfatiza-se o ensino dos conteúdos, estes como verdades absolutas, aprendizagem e receptiva mecânica, através da memorização e repetição, conteúdos descontextualizados, O educador como centro do processo de ensino, impondo disciplina, silêncio e atenção. E avaliação através da reprodução dos conteúdos expostos.

Arte na escola nova
Surgido na Europa e nos EUA, no século XIX, CHEGA AO Brasil nos anos 30, defendendo em Arte a livre expressão, auto-expressão espontânea, livre influência de cânones, padrões e modelos de arte. Com Dewey, Read e Lowelfeld, a arte passou a ser um componente curricular de grande importância. O último influenciou muito os arte-educadores brasileiros, com seus oito critérios para dimensionar a criatividade (1955): sensibilidade a problemas, fluência, flexibilidade, originalidade, habilidade para refletir e para rearranjar, analise, síntese, coerência na organização. O que contribuiu para formas de avaliação e a estruturação das etapas de desenvolvimento da arte da criança e do jovem.
Para Read a criança desenha o que vê, e não o que imagina, afirmando que as idéias são pensadas, sentidas e experimentadas. Nesta concepção augusto Rodrigues em suas escolas de arte no Brasil, tendo ênfase o processo, a expressão e a criatividade, influenciados pela arte moderna, a psicanálise, a psicologia, a antropologia e as teorias da criatividade. O que ocasionou uma excessiva psicologização no ensino da arte com práticas pobres e desorientadas.

Aspectos metodológicos da escola nova
Enfatizava-se o os aspectos psicológicos, deixando os sociais; os conteúdos baseavam-se nas experiências vividas, o desenvolvimento do “aprender a aprender”. Pesquisar e solucionar problemas, a aprendizagem voltada para o aluno e baseada na descoberta, o professor como orientador, num ambiente democrático, respeitando os interesses e necessidades dos alunos.

A arte na escola tecnicista
Surge nos EUA nos anos 50, chegando no Brasil nos anos 60 e 70, preparando os alunos para o mercado do trabalho. Sua proposta era baseada no behaviorismo, no uso do reforço, do condicionamento, do estimulo/resposta. A LDB 5692/71, coloca a educação artística nos currículos do ensino fundamental e médio, onde se trabalhava o desenho, musica, trabalhos manuais, cantos corais e artes. Na década de 80 surgem movimentos dos professores de arte: AESP (1982) e FAEB (1987).

Aspectos metodológicos da escola tecnicista
Ligada ao capitalismo, preparava os alunos para o trabalho, enfatizando a neutralidade cientifica, os trabalhos manuais, tecnologia educacional, módulos e auto-instrução (dirigida). O ensino deveria ser eficaz, o educador tinha um papel técnico, neutro e imparcial.

A escola libertadora
A arte aparece como uma proposta ativa, baseada na interdisciplinariedade e nos temas geradores, tendo conteúdos da arte popular, com conteúdos políticos. Buscava a conscientização do povo, por uma escola democrática e de qualidade, e para todos. Paulo Freire propôs nesta perspectiva uma alfabetização de adultos.

Aspectos metodológicos da escola libertadora
Tinha uma pratica não–formal e critica, questionando a relação homem/natureza/consciência/transformação. O professor era um animador, tendo uma postura dialógica enfatizando os saberes populares. Trabalhava-se com temas geradores, e aprendizagem era baseada na problematização e tomada de consciência da realidade.

Escola libertária e seus aspectos metodológicos
Baseava-se na autogestão nas instituições, numa pratica não-diretiva e na autonomia de educadores e educandos. Os conteúdos eram compostos das necessidades e interesses dos grupos, o educador era um conselheiro, monitor, o importante era o crescimento em grupo.

Escola crítico-social dos conteúdos
Surge na década de 70, enfatiza a experiência do educando com os conteúdos, na sua participação social e exercício consciente da cidadania. O educador tem papel importante, a conscientização política ocorre na pratica social ampla do cidadão. Ferraz e Fusari propõem um ensino de arte onde o educador possua o conhecimento em arte também a didática para ser professor de arte.

Aspectos metodológicos da escola crítico-social dos conteúdos
Busca a unidade entre teoria e pratica, para um educando consciente e critico, os conteúdos são baseados na cultura universal a as realidades sociais, o educador é um mediador da experiência do aluno e o saber, objetivando a saída do conhecimento do senso comum para um saber sistematizado, vinculado a prática social concreta.

Arte na escola construtivista
Na LDB 9394/96 a arte é componente curricular obrigatório, definido nos PCNs de Arte, em quatro linguagens: artes visuais, dança, música e teatro. Podendo ser trabalhados em três eixos: fazer artístico do aluno, a apreciação do aluno e a reflexão sobre a arte como objeto sociocultural e histórico. Juntamente com os temas transversais.

Aspectos metodológicos da escola construtivista
A aprendizagem é feita pela resolução de problemas, tendo o aluno decisões a tomar, colocando o seu conhecimento dos conteúdos envolvidos. A construção, o relativismo e a interação são fatos da aprendizagem. Os conteúdos devem ter utilidade social, partindo-se do conhecimento prévio do aluno, para novas aprendizagens. A escola trabalha em conjunto com órgãos, comunidade e família para uma pratica educativa inclusiva e participativa de ressignificação da escola. O professor observa e avalia o seu aluno em todos os aspectos do processo de aprendizagem, buscando sempre metodologias diferencias quando os alunos apresentam dificuldades. Os 4 pilares de Jacques Delors, definidos pela UNESCO, a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI de 96, (saber saberes, saber fazeres, saber ser e saber ser no convívio com o outro, se fazem presentes na pratica pedagógica e buscam a recuperação dos valores humanos fundamentais.

Nenhum comentário: