PEÇA ADAPTADA
O Santo e a
Porca
Texto adaptado por
Arnaldo de Oliveira.
[...]
Dia normal de trabalho, a casa precisando de limpeza, o patrão, os filhos e os
outros empregados sem importância ainda não chegaram, Caroba a empregada mais
antiga fica vendo televisão enquanto fofoca no telefone e dá rápidas olhadas
numa revista de jóias, então desliga o telefone e começa a fazer a faxina, mas
bem devagar para não forçar os braços e não suar. Então aparece na tela do
computador uma mensagem de email.
Caroba
(dá uma espiada): É para o patrão, não custa mesmo dá uma lida e só de olhar
para o serviço me dá um cansaço. Se ele perguntar eu digo que pensei que fosse
o meu email.
Senhor
Eurico, Sem mais delongas, peço a mão de sua filha em casamento. Vou a sua casa
hoje para que possamos acertar os negócios está bem? Fique com Deus e eu com o
Meu Santo Antônio. Quem sabe não saiu noivo daí? Um abraço, Eudoro.
Caroba (Pensativa):
Quem sabe se eu ganho alguma coisa com isso, e finalmente saiu daqui dessa
miséria de salário que aquele velho me dá. Santo Antônio é testemunha de quanto
eu ralo nessa casa. Já sei o que fazer.
Eurico (Já
chega resmungando): Que vida infernal, todo mundo fica olhando pra mim como se
eu fosse algum marginal. Caroba vê se me dá logo um copo d’água.
Caroba (Fecha
a cara): O senhor não vai acreditar, o cara da mansão está vindo pra cá e vai
pegar algo que o senhor gosta muito. Se não se importa vou a meu quarto para
descansar um pouco, vou falar com meu Santo Antônio.
Eurico (Espera
Caroba sair e olha para seu cofre que é uma porca): Será que ele quer minhas
riquezas também? Demorei muito tempo para conseguir uma bastante recheada, em
qualquer caso manterei meu disfarce de pobre e que Santo Antônio me acuda
porque se não me ajudar não vou mais pagar o dízimo. Está me ouvindo Santo
Antônio?
Caroba
(No quarto, pega o celular e liga para Benola): Atende sua besta. Oi Benola.
Você não vai acreditar, lembra daquele cara, o qual você quis dar o golpe da
barriga? Ele vai vir aqui em casa, por isso se arruma e vem logo pra cá. Se não
eu conto o que você faz quando sai daqui e Santo Antônio sabe que você não é
nenhuma santa.
Chega
então Margarida e seu namorado o qual diz que tem uma mulher que está fazendo
tratamento e vai demorar a chegar, desculpa usada para quem ninguém desconfie
da trama.
Margarida
(Preocupada): Oi papai. O senhor está bem? Está estranho. Aconteceu alguma
coisa? Fale logo você está me deixando aflita.
Eurico
(Fitando o amigo de Margarida): Está tudo bem. O que esse sujeito está fazendo
aqui? Veio filar a bóia daqui de casa? Escutem o Eudoro está vindo aqui não sei
pra que, por isso tratem muito bem esse cara.
Caroba
(Vem rápido para a sala): Oi a todos. Seu Eurico eu vou fazer a comida hoje,
porque os outros empregados não vieram porque pegaram uma gripe, o Santo
Antônio e o senhor sabem que eles só estão dando uma desculpa pra não vir
trabalhar. Vou fazer a comida de sempre.
Eurico
(Virando os olhos): Vai logo então. Margarida e Dodó sentem-se, porque vai
demorar para comida ser feita.
Passado
uns trinta minutos, Benola chega junto com Eudoro e antes de entrarem ela o
abraça forte, ele derruba ela e bate na porta.
Caroba
(sai correndo para atender a porta): Deve ser ele. Oi seu Eudoro, entre não
tenha vergonha.
Eudoro:
Boa - tarde a todos.
Enquanto
o visitante entra, Benola se arruma e entra na casa.
Eurico (Impaciente):
Finalmente o Senhor chegou. Estou varado de fome. E seja breve porque já estou
cansado de tanto esperar. O que você deseja?
Eudoro
(Confuso): Não recebeu meu email? Eu vim...
Caroba
(O interrompe): Ele veio pedir sua filha Margarida em casamento. Já estava na
hora mesmo, está quase ficando pra titia.
Margarida
(Fita Caroba): Isso não é da sua conta. E eu não quero casar com esse cara. É
velho demais para mim.
Benola:
Você ainda é uma criança, cresce e aparece fedelha.
Margarida
(Triste): O que eu fiz para merecer isso meu Santo Antônio?
Caroba
aparece então com a comida que é sua especialidade sanduíches de mortadela.
Caroba:
Só tem um pra cada um, sabem como é a vida não é tão fácil para todos, e como
seu Eurico é um pão duro...
Eurico
(Surpreso): Como é que é? Santo Antônio sabe que eu não tenho mais condições de
trabalhar e o que eu ganho com a aposentadoria é muito pouco. Coloque- se no
seu lugar e fale só quando for chamada.
Eudoro (Aproximando-se
de Eurico): Eu posso ajudar você, basta que eu me case com sua filha e uma
despesa a menos será para o Senhor.
Eurico
(Pensativo): Não tinha visto esse lado do negócio ainda...
Margarida
(Desacreditada): Papai...
Eurico:
Só estou pensando no que vai ser melhor para você minha filha, não custa nada
dar uma chance para o cara, e você e tão santa minha filha, nunca me deu
desgosto ao contrário de certas pessoas. (Fixa o olhar em Benola)
Benola:
As aparências enganam e meu Santo Antônio sabe de toda mentira e podridão sobre
Margarida.
Eurico:
Chega!Margarida você vai se casar com esse homem, nem que eu tenha que te levar
arrastada até o altar. Pense um pouco mais na família, não tenho condições de
sustentar tanta gente.
Eudoro (Passa
a mão no corpo para demonstrar que não está tão acabado): Garanto que
você não vai se arrepender. Sei como agradar uma cabritinha.
Margarida:
Ai que nojo meu Santo Antônio.
Benola
(Fica se abanando): Que pedaço de mau caminho, Santo Antônio.
Eudoro (Tira
do bolso um enorme papel que parece carta de um fã para seu ídolo): Aqui estão
todos os bens que eu possuo...
Eurico
(O interrompe): Um papel enorme?Não tem casamento então.
Eudoro:
É uma lista de todos os bens que eu tenho, se eu me casar com sua filha, uma
parte será sua.
Eurico
(Olha para a porca que está em uma mesinha junto com a imagem de Santo Antônio
e a toca): Quanto?
Eudoro:
Quinze por cento do que possuo.
Caroba:
Isso é um horror.
Eurico:
Alguém pediu sua opinião?
Caroba
fica ao lado de Margarida para consolá-la.
Margarida (Abalada):
Não acredito no que você está fazendo.
Benola
(Com indiferença): Nem eu. Isso é um absurdo. Olha pra essa criatura. (Aponta
para Margarida).
Eurico (Feliz
e decidido): Negócio fechado.
Eudoro:
Adeus então. Margarida meu amor não se desespere eu volto. Obrigado Santo
Antônio, sabia que o Senhor não ia me decepcionar.
Eurico
(Olhando para o papel): Ele nunca me decepcionou. Dodó venha e chame Pinhão
para que providenciemos os preparativos para a cerimônia.
Fica
na sala Benola, Caroba e Margarida.
Dodó
sai da casa e seu Eurico vai para o outro cômodo
Caroba:
Não se preocupe gata. A gente vai dar um jeito nisso (Olha para Benola).
Benola:
Margarida, você está fazendo tempestade em copo d’água. Se fosse comigo as
coisas seriam bem diferentes, eu seria dona de tanta coisa, seria chique.
Caroba:
Seu tempo já foi Benola. Olhe Margarida engole esse choro, até que o homem é
bem conservado, o Dodó também não é lá essas coisas...
Margarida
(Espantada): Você sabe do Dodó?
Benola (Rir
ironicamente): Até Santo Antônio sabe. Essa cara de anjo só engana teu pai.
Aquele
coroa, não sabe a cabritinha que tem.
Caroba:
Ainda bem que eu tenho que me respeite.
Benola (Vira
os olhos): O Pinhão? Até que ele é bonito, pena que não é rico porque se
fosse...
Caroba (Agitada):
Faria o que?
Benola (Suspira):
Nada, só estava pensando alto.
Margarida
(Triste): E agora o que eu vou fazer meu Santo Antônio? Seu tivesse dinheiro
iria embora desse lugar.
Eurico
ouve a palavra dinheiro e entra na sala.
Eurico
(Aflito vai até a porca): Que dinheiro, eu não posso comprar um vestido de
casamento, você sabe filha.
Margarida:
Santo Antônio me de forças. Papai ninguém falou...
Caroba:
A sua filha estava pensando na riqueza que ela vai obter quando se casar, já
está conformada e não vê a hora de ir pro altar.
Eurico
(Estranha): É verdade?Então porque está chorando?
Caroba:
É a emoção. Devia ouvir o que ela estava falando do playboy era só elogio.
Dodó e Pinhão
chegam. O noivo de Caroba a abraça e fala com Eurico
Pinhão:
Seu Eurico precisamos ir a igreja para ver como vai ser feita a ornamentação e
falar com o padre sobre o casamento.
Eurico (Aflito):
E agora, não tenho dinheiro para nada nem para comprar comida, o que eu vou
fazer meu Santo Antônio?
Benola (Pega
no braço do Pinhão): Oi Pinhão.
Caroba
(Com raiva): Se afaste! Ele é meu homem. Você entendeu?
Pinhão
(Constrangido): Seu Eudoro disse que tudo é por conta dele. O Senhor só precisa
dizer o que fazer.
Dodó:
Margarida posso falar com você?
Eurico
(Se intromete e não deixa Margarida falar): Ela agora é comprometida, se quiser
falar que seja na frente de todos.
Pinhão:
O Senhor vem ou não? Precisamos resolver isso logo.
Eurico:
Vamos todos.
Saem
Dodó, Eurico, Margarida e Pinhão. Caroba e Benola ficam e pensam no que fazer.
Benola:
Não acredito que a princesinha vai ficar rica. (Olha para o espelho) Sou mais
bonita que aquela tripa seca.
Caroba
(Impaciente): Fica calada despeitada. Quem da às ordens aqui sou eu. Precisamos
dar um jeito de conseguir a grana que aquele playboy tem. Mas como?
Benola
(cruza os braços): Que tal envenenar o cara? Dar um tiro em seu coração ou
deixar que eu use os meus artifícios.
Caroba
(Rir): Fala sério que artifícios? Vê se te enxerga. A Margarida se casa,
matamos o cara e deixamos a culpa no seu Eurico.
Benola:
Quem diria. Que uma pessoa como você seria capaz de fazer tal coisa.
Caroba:
Pelo menos eu sirvo pra alguma coisa. Vamos à igreja para dar consolo para a
sua maninha. (Rir)
Benola:
Você não presta. Queridinha.
Na igreja,
Margarida fita a cruz e a seu lado Dodó permanece. Eurico e Pinhão esperam o
padre.
Eurico
(Avista o padre): Finalmente o velho chegou. Padre nos viemos marcar a data do
casamento.
Padre Pedro (Cansado): Finalmente Margarida vai desencalhar, e
com o Dodó?
Eurico:
Com aquele trate? O Senhor bateu com a cabeça? Nunca que minha filha ia se
envolver com esse tipo de gente.
Padre Pedro: Sei... Então com quem será então?
Pinhão:
Com seu Eudoro o cheio da grana.
Padre Pedro (Grita): Eu sabia, ela está grávida! Bem que eu
desconfiava. Só tem a cara de anjo. Este mundo está perdido. Veio casar rápido
para a barriga não aparecer.
Margarida:
Eu não estou grávida, o Senhor entendeu tudo errado...
Padre Pedro (Desacreditado): Eu te falei tanto minha filha,
porque você fez isso? Estragou sua vida...
Eurico:
Ela não fez nada Padre. Seu Eudoro veio pedir a mão dela e como eu sou um pai
dedicado, que sabe o que é bom para a filha, eu pedi que ela aceitasse.
Dodó
(Inconformado): O senhor a forçou, seu mentiroso, só pensa no dinheiro.
Eurico:
O que você está fazendo aqui empregadinho?
Margarida:
Eu quero que ele fique aqui.
Eurico:
O que você tem com esse sujeito?
Margarida:
Nada...
Dodó
(Furioso): Agora sou eu que vou sair daqui.
Margarida
(Cai): Não...
Chegam Caroba e
Benola. Sai Dodó
Caroba (Corre
até Margarida): O que aconteceu?
Padre Pedro: Ela está perdendo a criança. Ai meu Senhor. Ai Meu
Santo Antonio.
Benola
(Põe as mãos no rosto): Não acredito que perdemos o barraco. Isso é culpa sua
Caroba e Santo Antônio sabe disso.
Caroba:
Fica quieta sem noção. O que é que houve aqui?
Eurico
(Impaciente): Não é da sua conta. Padre a cerimônia vai ser amanhã. Minha filha
já não suporta mais esperar. Santo Antônio sabe que é verdade.
Padre Pedro: E qual vai ser a forma de pagamento? Sei que o
senhor tem algum, sei que me compreende.
Eurico (Assustado):
Que calúnia meu Santo Antônio. Eu preciso ir!
Eurico
se retira rapidamente sem se importar com ninguém
Pinhão:
Seu Eurico...
Benola:
Padre preciso me confessar. E tem que ser agora, ande velho interesseiro.
Padre Pedro: Mais uma perdida Senhor. Tende piedade dessa coisa.
(Olha para Benola)
Caroba:
Vai atrás do Velho Eurico, Pinhão. E fale pro Eudoro que o casamento é amanhã
ao meio-dia.
Sai
Benola e Pinhão
Caroba:
Sei como te livrar daquele playboy, mas você não vai gostar. Gata você tão
santa que seria incapaz...
Margarida
(Desesperada): Eu faço qualquer coisa para me livrar daquele trambolho.
Caroba
(Rir): Verdade? Que tal matar seu pai e colocar a culpa em Eudoro?Você se casa
e de brinde leva uma riqueza incalculável. Mas é claro que eu vou querer a
minha parte nisso né bonitona.
Margarida
(Confusa): Eu não sei...
Caroba (Irritada):
Deixa de ser molenga minha filha. (Dá um tampa no ombro da amiga). É simples
depois do casamento você dá esse remédio para seu pai. (Entrega o remédio). Mas
tem que ser diluído na água, eu cuido do resto.
Margarida:
Mas eu gosto muito de meu pai, não quero ser uma assassina.
Caroba (Com
raiva): Então viva como uma doméstica para sempre e com um marido de meia
idade.
Caroba
se levanta e quando vai sair, Margarida se levanta
Margarida
(Aflita): Eu farei então. E que meu Santo Antônio me ajude.
Caroba:
Ótimo. Você tem muito que aprender queridinha. Veja como eu sou vivida. Vamos
pra casa.
Em
casa Eurico procura por sua porca recheada sem saber que Pinhão chegará em
pouco tempo.
Eurico
(Angustiado): Ai meu Santo Antônio, aquele velho descobriu tudo. Preciso
esconder essa porca em outro lugar. Mas onde? Já sei vou dar a Margarida e
assim que ela se casar pego de volta. Eu sou um gênio. Agora vou me deitar.
Pinhão
escondido ouve tudo pega a porca examina e descobre que tem muito dinheiro
Pinhão:
Há velho rabugento! Se finge de coitado, mas é playboy.É hoje que isso vai
mudar.(Pega a porca e sai)
Chegam
então Caroba, Margarida e Benola
Margarida
(Preocupada): Papai?
Benola
(Bufa): Ai como você é enjoada queridinha. Para de fingir que é boa samaritana.
Todos já sabem que você é como todas as outras.
Caroba:
Ó tripa seca. Fica na tua. Margarida fica calma, seu pai já deve ter chegado.
Margarida:
Eu estou com medo. Não queria ter de fazer aquilo...
Benola
(Rir): Que novidade. Quer que deixe a luz ligada para a cabritinha dormir
é?(Irônica)
Caroba:
Vai embora bundona. Ou você quer ser desmoralizada agora?
Benola:
Quanta grosseria. Tchau cabritinha e cabritona.
Caroba:
Vamos temos que nos preparar para amanhã.
Margarida
(Aflita): O que você vai fazer? Eu vou dar o remédio e depois? Ai meu santo
Antônio. (Anda de um lado para o outro). Matar ou não matar eis a questão.
Caroba:
Deixe comigo queridinha. Você ficou com a parte mais fácil. Depois de tudo você
vai ficar rica e com seu homem. Eu na miséria e escuridão. Você nunca vai
encontrar uma amiga que nem eu. Sou a salvação da Pátria e não recebo nada por
isso.
Margarida:
Terá a minha amizade para sempre. (Dá um abraço em Caroba)
Caroba
(Tem nojo): É por isso que eu ajudo. Para não perder os amigos.
Margarida:
Queria falar com Dodó, ele ficou muito chateado...
Caroba:
Homem é assim mesmo. Relaxe deixe tudo comigo. Eu falo com Dodó, agora vai
descansar porque amanhã vai ser um grande dia.
Margarida (Aliviada
Suspira): Obrigada. Muito obrigada. (Dá outro abraço em Caroba).
Caroba
espera Margarida sair, limpa o rosto e nessa hora Benola volta
Benola:
Já acabou com a reunião cavalona?
Caroba:
Cala a matraca. Ouça quero que amanhã você fique enrolando o Eudoro depois do
Casamento.
Benola
(Estranha): Pra que? Aquele abusado não quer nada comigo.
Caroba:
Faça o eu digo ou então...
Benola:
Ok cabritona.
Caroba:
Vamos Dormir. Tripa seca. (Se retira)
Caroba
acorda e liga para Dodó
Caroba
(Impaciente): Atende logo. Oi seu Dodó. Margarida pediu que você fosse ao
casamento, ela disse que você não se arrependerá. Ta ok? Ótimo. (Desliga o
celular). Um já foi.
Benola:
O que você está fazendo queridinha? Não interessa, vou indo já pra igreja.
Preciso me confessar.
Caroba (Rir):
De novo queridinha? Ande logo então. E não se esqueça do que combinamos.
Benola:
Ta velha coroca.
Então
caroba pega uma faca da mesinha e guarda em seu decote.
Aparece
Margarida pronta para o casamento.
Margarida
(Triste): Como estou?
Caroba (Suspira):
Uma Deusa. Preparada queridinha?
Margarida:
Sim. Que Santo Antônio nos ajude. Será que Dodó vai? Coitado.
Caroba (Vira
os olhos): É claro que ele vai, ele gosta muito de você. Só falta o Eurico.
Ainda não acordou?
Margarida: Já. Eu o vi chorando,
parece até que adivinhou que vai morrer hoje, quem mandou forja esse casamento.
Agora que agüente as conseqüências.
Caroba
(Surpresa): Quem diria a filha santa querendo o mal do próprio velho.
Margarida:
Aprendi com a melhor não é verdade. Agora mudemos de assunto se não o coroa
pode ouvir.
Se
Eurico aparece e quando olha para a mesinha não encontra a porca e entra
desespero
Eurico
(Apreensivo): Cadê a minha porca?
Caroba:
Eu não sei. Benola saiu cedo talvez ela tenha pegado.
Eurico:
Não acredito. Santo Antônio você não me protegeu, agora vou atrás daquela
bandida.
Margarida
(Fala alto): Não vai coisa nenhuma, temos um casamento pra ir. E já está quase
na hora. Vamos.
Eurico:
A porca é muito mais importante. Preciso...
Margarida (Com
raiva): Se você não for, não vai ter casamento, e você vai morrer...
Eurico:
O que?
Caroba
(Tenta amenizar): Morrer de vergonha do seu Eudoro.
Margarida
(Impaciente): Vamos logo!
Se
retiram para a igreja. Lá Benola, Dodó, Eudoro, Pinhão e Padre Pedro os
aguardam
Dodó
(Curioso): O que tem no lençol? Algum presente para Caroba?
Pinhão
(Rir): Um presente para a igreja. Vou dá-lo para o Padre Pedro quando terminar
a cerimônia.
Benola
se dirige para Eudoro
Benola
(Provoca): O que você viu naquela tripa seca? Você sabe que eu sou muito melhor
do que ela.
Eudoro:
Você é uma qualquer, saia do meu caminho.
Benola:
Não cuspa no prato que comeu, nós quase nos casamos anos atrás.
Eudoro
(Impaciente): Quem vive de passado é museu. Agora sai daqui.
Benola
(Se dirige ao Padre Pedro): Até que o senhor dá um caldo, pena que é padre que
desperdício.
Padre Pedro: Sai daqui demônio. Santo Antônio ponha juízo na
cabeça dessa criatura. (Olha para cima)
Chegam
então Caroba, Eurico e Margarida.
Eurico
pega no braço da filha e se dirige para o altar, porém Margarida cansada
daquela farsa sai correndo para o altar e larga do pai.
Margarida
(Impaciente): Acabe logo com isso. Rápido vai.
Padre Pedro: Calma minha filha.
Margarida:
Seu velho rabugento pare de enrolar. (Pega na mão de Eudoro). Na saúde, na
doença e blá blá blá.
Eudoro
entrega as alianças, o padre as abençoa, e declara que ambos estão casados.
Depois
os convidados e os pombinhos vão para a sacristia, com exceção do Padre e de
Pinhão
Pinhão:
Padre tenho um presente para o senhor. (Entrega à porca)
Padre Pedro (Pega a porca examina e Grita): Obrigado Senhor, eu
sabia que você mandaria alguém de boa fé para ajudar a paróquia.
Retiram-se
para a sacristia. E lá o Padre mostra o presente é surpreendido por Eurico
Eurico
(Grita): Padre safado foi você que me roubou. Tu vai pro andar de baixo
malandro. Eu vou te matar. (Coloca as mãos no pescoço do padre)
Enquanto
os outros tentam separam a briga, Margarida coloca o veneno em um copo com água
e espera o momento certo de agir. Pinhão e Dodô retiram o Padre da sala e
Benola o Eudoro
Margarida:
Papai não se exalte tome um pouco d’água. (Entrega o copo)
Eurico:
Obrigado, filha espero não ter estragado esse dia especial para você. (Toma a
água adulterada)
Margarida
(Triste): Não se preocupe papai. Adeus.
Eurico
cai morto no chão. Caroba pega a faca no decote do vestido e ataca o coração de
Eurico
Caroba:
Pronto. Agora você precisa colocar essa faca na mão de Eudoro. Como Dodó é
policial pode prendê-lo em flagrante. Vai chame Eudoro. (Dá a faca para
Margarida)
Na
parte central da igreja, Pinhão, Dodó, Benola, Eudoro e o padre tentam entender
o que aconteceu
Padre Pedro (Com raiva): Isso é culpa sua seu abusado. (Aponta
para Pinhão)
Pinhão:
Não sei do que você está falando.
Padre Pedro (Se levanta): Ora seu...
Margarida:
Eudoro papai quer falar com você.
Ao
chegar na sacristia Margarida espera que Eudoro vejo Eurico no chão então ela
joga a faca do lado dele e as duas mulheres gritam, os outros chegam, Dodó
prende Eudoro.
Eudoro
(Assustado) Eu não fiz nada.
Margarida:
Foi terrível, seu monstro como pode?
Benola
(Chega perto do pai e grita): Não pode ser.
Dodó: Você está
preso. (Pega Eudoro e leva para longe com a ajuda de Pinhão)
Padre Pedro: Pobre Diabo.
No dia seguinte
o enterro é feito
Padre Pedro: Descanse em paz seu Eurico, vamos sentir saudades,
é claro que você vai receber o que merece abusado. (Se retira)
Margarida:
A única coisa boa de tudo isso é que podemos ficar juntos no final de tudo.
Dodó:
Pois é.
Benola (Triste
chega até a cruz): Papai, não! (Grita)
Caroba:
Pobre tripa seca.
Pinhão:
Vamos embora. O velho já recebeu o que merecia, agora que sofra pra sempre.
Todos
se retiram em silêncio
Fim
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