A gente nunca sabe quando e como
as coisas irão acontecer. Nós somos ensinados sempre a fazer planos:
- quem você vai ser daqui a 5
anos?
- com quantos anos você vai se
casa?
- quantos filhos você pretende
ter?
- que profissão você pretende
seguir?
- você gosta de menino ou de
menina?
(...)
São apenas algumas das perguntas
que nos norteiam no planejamento de nossas vidas. Mas, olha só que curioso: saímos
de um ano que achávamos ter sido o mais conturbado, e desordenado, e esculhambado
de todos. 2020 era esperado como um ano de mudanças, um ano onde tudo iria se
ordenar e voltar aos eixos.
Aí vem uma coisinha tão minúscula,
invisível aos olhos que muda tudo e deixa as coisas mais “esculhamabadas” que
as de 2019. Curioso não?
De um dia para o outro, a gente e
vê tendo que mudar muitos hábitos, que já deveríamos ter antes, se vestindo e
se comportando de maneiras que jamais pensaríamos seriamos preciso, tendo que deixar
nossos trabalhos e sem poder visitar as pessoas que amamos, e tudo isso para poder
resguardar a saúde: delas e nossa. Mas isto a gente não teria que fazer sempre?
Pensar em si e no outro? Uma amiga, em um momento de descontração, no quintal
de minha casa fez a seguinte pergunta: vocês também tem a sensação de que a
vida estava muito corrida e que a gente precisava dar uma parada? (...) seria
realmente esse momento, uma pausa para respirar? Para se ver e ver o outro? Será
que nós tínhamos nos perdido e este “mau” veio para nos “fazer o bem”?
Em menos de dois meses aconteceram
muitas coisas ao redor do mundo: águas nos canais de Veneza voltam a ser
cristalinas; Ironicamente, as Artes estão sendo a forma como as pessoas estão
passando o tempo; Os pais estão vendo o valor dos desvalorizados professores; Quarentena
diminui poluição e acaba transformando o céu... e por ai vai.
O que eu me pergunto diante de
tudo isso é – como pode, uma coisinha que eu não consigo nem ver, conseguir
mutar a minha rotina e a do mundo inteiro?
Espero imensamente que saiamos
bem dessa e que, quando saiamos, possamos ser outros seres humanos e humanos de
verdade. A impressão que eu tenho é que deixamos de ser gente há muito tempo.
É isso.
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